domingo, 11 de julho de 2010

São Paulo 8 de julho de 2010 - juntando sono pra dormir


Eu nasci, cresci e vivi em Recife até os 32 anos de idade. E acho que passei tempo demais nessa cidade. Pelo menos essa é a impressão que me dá agora que estou aqui.
Não estou dizendo que não aprendi nada na minha terra natal, que foi inútil o tempo que passei lá, longe disso. Mas acho que demorei demais pra sair. Ou não, dizem que tudo tem seu tempo.

Ah, meu sol, meu bem minha vida escureceu
Desde que você não quis mais saber de mim
Hoje eu só fiquei com a imensidão do céu
De estrelas mil que se esforçam pra luzir meu vazio

Tudo que era flor viu o cinza da manhã
E se entristeceu pelo fim do nosso amor
Mar azul também suas ondas estancou
Sem o seu calor o oceano é uma poça sem cor

Eu, praia linda e nua ventando de paixão
O dia amanhece na minha solidão
E posso ouvir você por entre as nuvens lá no céu:
Eu namoro a lua mas meu coração
É seu...

Felicidade

Caetano Veloso

Composição: Lupicinio Rodrigues

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá de traz do mundo
Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar
O pensamento parece uma coisa à toa
mas como é que a gente voa quando começa a pensar

Para Ver as Meninas

Marisa Monte

Composição: Paulinho da ViolaSilêncio por favorEnquanto esqueço um poucoa dor no peitoNão diga nadasobre meus defeitosEu não me lembro maisquem me deixou assimHoje eu quero apenasUma pausa de mil compassosPara ver as meninasE nada mais nos braçosSó este amorassim descontraídoQuem sabe de tudo não faleQuem não sabe nada se caleSe for preciso eu repitoPorque hoje eu vou fazerAo meu jeito eu vou fazerUm samba sobre o infinitoPorque hoje eu vou fazerAo meu jeito eu vou fazerUm samba sobre o infinito

Sampa

Caetano Veloso

Composição: Caetano VelosoAlguma coisa acontece no meu coraçãoQue só quando cruza a Ipiranga e a avenida São JoãoÉ que quando eu cheguei por aqui eu nada entendiDa dura poesia concreta de tuas esquinasDa deselegância discreta de tuas meninasAinda não havia para mim Rita LeeA tua mais completa traduçãoAlguma coisa acontece no meu coraçãoQue só quando cruza a Ipiranga e a avenida São JoãoQuando eu te encarei frente a frente não vi o meu rostoChamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gostoÉ que Narciso acha feio o que não é espelhoE à mente apavora o que ainda não é mesmo velhoNada do que não era antes quando não somos mutantesE foste um difícil começoAfasto o que não conheçoE quem vende outro sonho feliz de cidadeAprende depressa a chamar-te de realidadePorque és o avesso do avesso do avesso do avessoDo povo oprimido nas filas, nas vilas, favelasDa força da grana que ergue e destrói coisas belasDa feia fumaça que sobe, apagando as estrelasEu vejo surgir teus poetas de campos, espaçosTuas oficinas de florestas, teus deuses da chuvaPan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do sambaMais possível novo quilombo de ZumbiE os novos baianos passeiam na tua garoaE novos baianos te podem curtir numa boa

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Amanheceu - Jorge Vercilo

Amanheceu
como num segundo
Amanheceu
apesar de tudo
Amanheceu
um raio no escuro
Amanheceu
simples e absurdo
Amanheceu
uma nova era
Amanheceu
renasceu da guerra
Amanheceu
um planeta mudo
Amanheceu
Era o fim da estrada
Era o fim do mundo ali
mas o sol brilhava
inacreditável em si
Não se imaginava
foi o fim de tudo, eu vi
mas o sol teimava
em raiar e resistir
E no mesmo dia
em que a "profecia do fim"
se revelaria,
eu te conheci assim...